quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

A VISITA À ÍNDIA


A VISITA À ÍNDIA [1]


24/1/17
“Uma nação pode sobreviver aos seus loucos, mesmo aos ambiciosos. Mas não consegue sobreviver à traição vinda de dentro. Um inimigo às portas é menos formidável, pois ele é conhecido e transporta a sua bandeira à vista. Mas o traidor movimenta-se livremente entre aqueles que estão dentro de portas, o seu murmúrio malicioso percorre todas as ruelas e é ouvido nos corredores do governo, ele próprio. Pois o traidor não aparenta ser traidor; ele fala de um modo familiar às suas vítimas, e desgasta a sua face e os seus argumentos; ele apela à vileza que mora fundo no coração de todos os homens. Ele apodrece a alma de uma nação; ele trabalha secretamente e oculto na noite, a fim de minar os pilares da cidade, ele infecta o corpo político a fim de que este não mais possa resistir. Um assassino é menos de temer.”

                          Marcus Tullius Cícero

           
            O nosso primeiro (não confundir com a linguagem militar, que designava o primeiro sargento da companhia, no antigo Exército Português – figura, aliás, estimável e importante) lá foi à União Indiana (UI), desta feita não à procura de cristãos mas à cata de negócios, onde já não entra a pimenta.
            Evitou Calecut; fez bem, aquilo nunca foi terra que se cheirasse.
            Disse-se abundantemente que era a primeira visita de um Primeiro-Ministro Português nas últimas quatro décadas. É verdade, mas não é a verdade toda; o certo é que desde 15 de Agosto de 1947 – data da independência da União Indiana, que a obteve do Reino Unido – nenhum alto político português visitou aquele novo país, herdeiro de várias civilizações muito antigas (com uma excepção que veremos à frente).
            Nem tal se justificou dado que logo na sequência da sua independência, nos começaram a fazer má vizinhança por causa dos territórios portugueses que constituíam o Estado da Índia (Goa, Damão e Diu e suas dependências – agora é preciso esmiuçar isto, pois o estado do sistema educativo é o que sabemos).
            As relações diplomáticas foram rompidas, em 8 de Agosto de 1955, por iniciativa da UI, ficando o diálogo possível, assegurado pelo Brasil, relativamente à parte portuguesa e pelo Egipto, em representação da UI.
            E assim ficaram (as relações) até 1975, tendo a situação piorado catastroficamente após a inqualificável invasão militar dos territórios portugueses, em 18 de Dezembro de 1961. Depois, note-se, de Portugal ter ganho em Haia (sentença de 12 de Dezembro de 1960), a questão sobre Dadrá e Nagar - Aveli.
            É preciso que se diga e repita, pois a verdade é coisa assaz arredia da política, da comunicação social e da escola portuguesas, que a UI nunca teve uma réstia de razão do seu lado, em todo este conturbado percurso. [2]
            Porém, uma figura destacada do Estado Português visitou a UI já no período desta terceira república, onde as bananas continuam a um preço assaz baixo mesmo com a “crise”: foi o Dr. Mário Soares, enquanto Presidente da República.
            Mais à frente perceberão que ele não foi lá apenas para passear de elefante ou para se diferenciar de Deus: “Deus está em todo o lugar, mas Mário Soares, já esteve”.
            A sabedoria popular é tramada e não perdoa…
            Quero, sem embargo, deixar claro que não estou contra a visita do PM Português, como tal e nas circunstâncias actuais, á UI.
            A vida continua e o interesse dos estados e das populações tem que continuar a ser exercido.
            O que pretendo é recordar como se chegou aqui, para que se possa caminhar para a frente com os pés no chão e com alguma (já nem peço mais) dignidade.
            A ocupação militar de Goa, Damão e Diu nunca foi reconhecida pelo Estado Português. A nacionalidade de quantos nasceram portugueses – como o pai do Dr. Costa – era garantida.
            Aliás, o PM na entrevista que deu em Frankfurt teve a infeliz ideia de dizer que estava orgulhoso de ir à India como descendente de indianos. Está equivocado Dr. Costa, o senhor é descendente de portugueses pois na terra onde nasceu essa parte da sua família, flutuava a bandeira das quinas havia séculos.
            Que menoridades mental e pobreza de espírito, Dr. Costa! Já era tempo de aprender a colocar-se no seu lugar.
            Por isso se percebe que quando o PM Indiano Narendra Modi teve a aleivosia de dizer que o senhor era um “exemplo do dinamismo da diáspora indiana” V. Exª calou-se, em vez de lhe retorquir que era exactamente o contrário, ele a ser exemplo, seria da diáspora portuguesa…
            Até 1974 havia deputados na Assembleia Nacional – na altura o Parlamento era “nacional” e não apenas republicano … - em representação do Estado da Índia (que, lembro, tinha a designação de “Estado” desde o século XVII). Estes territórios foram mantidos na Constituição como portugueses.
            O Governo Português nunca deixou de lutar nos “fora” internacionais contra a injusta e grosseira violação do Direito Internacional, existente. E os oficiais das Forças Armadas Portuguesas não apertavam a mão aos oficiais indianos quando, raramente se cruzavam com eles em países terceiros.
            Chama-se a isto em termos de Estado, ter dignidade e em termos individuais, ter carácter e vergonha na cara.
            Em síntese, a UI tinha o direito da Força mas não tinha a força do Direito, tão pouco, moral política ou qualquer outra.
            Na sequência de uma madrugada ocorrida em 25 de Abril de 1974, o Estado e a sociedade portuguesa anarquizaram-se, situação que ficou para a História (até ver) como a “conquista da Liberdade e da Democracia”.
            Um dos muitos protagonistas de então foi como se sabe, o Dr. Mário Soares.
            A quem cognominaram como o “pai da democracia”.
            Ora foi justamente este cidadão, recentemente desaparecido do mundo dos vivos, que, sendo Ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) do II Governo Provisório, procurou o MNE da UI, J.B. Chavan, aquando da XXIX sessão da Assembleia - Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, em 24 de Setembro de 1974.
            E, sem estar mandatado para tal, por ninguém e sem que nada o justificasse, teve a iniciativa de lhe propor o reconhecimento “de jure” da escabrosa invasão e ocupação, de Goa, Damão e Diu, e o reatamento das relações diplomáticas!
            Esta reconhecimento acabou por ser aceite pelas autoridades em Lisboa, por um Tratado em, 31 de Dezembro de 1974, tendo sido aprovado pelo Decreto 206/75.[3]
            O aviso de que se tinham trocado os instrumentos de ratificação só foi tornado público, em “18 de Junho de 1973”, o que se crê ter sido uma gralha de imprensa dado tal data se reportar ao consulado do Dr. Marcello Caetano…
            A data correcta é 13 de Junho de 1975 e, até há muitos anos atrás, ainda não tinha sido feita a emenda.
            Note-se que tudo o que se passou foi ao contrário da posição assumida aquando da invasão de Timor pela Indonésia (que nunca nos tinha feito má vizinhança) situação muito menos gravosa do que aquela ocorrida com a UI [4]
            E Timor, segundo Mário Soares - que passou e ainda passa, por ser um poço de cultura – era apenas “uma ilha esquecida do arquipélago indonésio, com poucas ligações a Portugal”…
            As relações diplomáticas foram restabelecidas, mas poucos frutos deram até hoje, para além da citada visita do conhecido “globetrotter”.
            O Estado Português “esqueceu-se” de preservar a cultura portuguesa nos territórios onde a nossa bandeira flutuou por 450 anos (a UI só tem 70…) e em apoiar quem teimosamente lá ficou e ainda venera Afonso de Albuquerque e Francisco Xavier.
            Os indianos não quiseram saber de “democracias” nem de condenações do “colonialismo”, nem de afirmações de amizade.
            Desde então enviaram cá meia dúzia de conferencistas que, por norma, nos insultam em nossa casa e, até hoje, Nova Deli por razões que só eles sabem, ainda não se “atreveu” a publicar as baixas que tiveram durante a invasão, que tudo fizeram para ser um passeio militar (e alguns de nós ajudaram…).
            Esta é a realidade a que os futuros governos nacionais (?) terão que fazer face.
            Felizmente, do que me foi dado conhecer da visita ambas as partes se mostraram comedidas e prudentes em relação ao passado que referi.
            Querer fazer de Portugal uma porta de entrada das centenas de milhões de indianos para a UE é que já me pareceu ser um grande tiro no metatarso. E o PM não deixará de ouvir remoques, quando for a Bruxelas, por isso…
            E até posso compreender, finalmente, que não quisesse oferecer uma réplica da nau do Gama ao PM indiano, agora entregar-lhe a camisola da selecção com o número do CR7!?
            Oh, Dr. Costa…




                                            João José Brandão Ferreira
                                                Oficial Piloto Aviador


[1] Melhor dizendo à União Indiana, já que não se deve confundir “Índia” com o subcontinente indiano onde vicejam vários estados, embora seguramente nenhuma Nação…
[2] O Ministério dos Negócios Estrangeiros tem até tudo bem documentado nos seus arquivos e publicou uma notável colectânea de documentos intitulados “20 Anos em Defesa do Estado Português da Índia 1947-1967”.
[3] Diário do Governo, I série, nº 90, de 17 de Abril de 1975 e Diário do Governo, I série, nº 106, de 8 de Maio de 1975. Assinaram, Mário Soares, Vasco Gonçalves e Costa Gomes.
[4] Como, facilmente se poderá demonstrar.

sábado, 21 de janeiro de 2017

AS PORTAS DOS CASTELOS ESTÃO ABERTAS OU FECHADAS



AS PORTAS DOS CASTELOS ESTÃO ABERTAS OU FECHADAS?
19/1/17
                                                          “Deus escreve direito por linhas"
                                                            Adágio popular
                No funeral de Estado, inusitadamente bem organizado, do cidadão Mário Soares, ex-PR - com honras normalmente destinadas a quem morre em funções – ocorreu uma situação assaz peculiar (chamemos-lhe assim, pois é difícil de definir).
                A Bandeira Nacional que cobria a urna (aqui na sua função de caixão e não na de recolha de votos) quando esta ia a caminho dos Jerónimos, tinha um desenho que não correspondia à versão oficial.
                Ou seja, os sete castelos apresentavam-se com a porta aberta, em vez da mesma estar cerrada. 


                Ora esta diferença não é despiciente, já que a porta aberta num castelo, tem o significado simbólico de “traição”. A de alguém que abriu as portas do interior, traindo quem o castelo protegia, abrindo as portas aos invasores.
E é bom não esquecer que os castelos na bandeira são “os símbolos mais enérgicos da integridade e independência nacional”…
                Não há dúvida que nesta mal-afamada Terceira República, acontecem coisas curiosas; estão lembrados do também ex-PR, Cavaco Silva a hastear a Bandeira Nacional, ao contrário (certamente por distração de quem a colocou…) nos Paços do Concelho, no feriado da infausta data do 5 de Outubro? Nesse caso o significado é o da rendição…[1]
                Todo este episódio pode resultar apenas de uma incompetência qualquer, mas mesmo assim resta saber quem terá mandado fazer ou adquirido, a bandeira, e como é que uma fábrica faz uma bandeira nacional, cuja configuração é mais do que conhecida e regulamentada, do modo como o fez.[2]
                Ou, pode também dar-se o caso, da bandeira ter sido mandada fazer de propósito e um plano algo maquiavélico ter sido urdido para que as coisas corressem como correram.
                Resta agora perceber como é que todas as pessoas e entidades intervenientes, não deram por nada e quem, finalmente, descobriu e como. (A bandeira errada foi aparentemente trocada na 3ª,dia 10).
                Não deixa de ser curioso notar que o agora desaparecido repousou em último lugar no Mosteiro dos Jerónimos que é o repositório de todas as nossas glórias ligadas às descobertas e que tornaram a História de Portugal um marco indelével e inapagável da História Universal.
               Tendo sido o próprio Mário Soares que aí fez assinar o tratado de adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia que, de facto, abriu as “portas do castelo” à invasão estrangeira e ao início do desaparecimento de Portugal como Nação Independente.
                Do mesmo modo que já tinha ajudado enormemente a colocar um ponto final no Portugal Ultramarino e à abertura das suas portas a tudo o que era lixo marxista e internacionalista.
              Similarmente à assinatura do Tratado de Lisboa, também ocorrido no Mosteiro de Santa Maria de Belém, no dia 13 de Dezembro de 2007, último acto (até ver) desta tragédia onde estamos metidos. Desta feita, sob os auspícios de um PM ufano do tiro que deu nos pés de nós todos. Estão, aliás bem um para o outro, como se constatou depois de Sócrates ter passado de PM a número 44. Não fosse um ser fixe e o outro porreiro. Pá. 


                Do mesmo modo, ainda, que nas alfurjas da Câmara da Capital, já se “conspirou” para destruir os jardins que perpetuavam em arranjos florais, os símbolos das parcelas do Portugal de Além-Mar.
                Tudo isto teria sido evitado, todavia, se não tivessem coberto o féretro com a Bandeira das Quinas - a que de facto, o defunto não deveria ter direito - e colocado, por exemplo, a bandeira do PS, ou do Grande Oriente Lusitano (o PCP, seguramente não lhe emprestaria a sua).
                Porém, o Altíssimo, sempre vai escrevendo a eito, por tortuosas linhas.
                Mesmo que, o agora ido, nisso dizer não acreditar.
              Parece ter sido, aliás, a única coisa em que foi coerente até ao fim da vida.            


                                                                 João José Brandão Ferreira
                                                                      Oficial Piloto Aviador


[1] Também é conhecida a maneira recorrente com que a Bandeira Nacional é exposta, erradamente, em edifícios públicos e cerimónias oficiais. Para já não falar nas tristes figuras de populares que a utilizam como se fosse um “trapo” decorativo, nas jornadas futebolísticas…
[2] Para já não falar do que aconteceu na sede do Conselho Europeu, em 2013, em Bruxelas, onde se teve de substituir a bandeira (antes da conferência de lideres) pois a mesma em vez de castelos tinha pagodes (chineses!...).

domingo, 15 de janeiro de 2017

MASCARENHAS BARRETO



MASCARENHAS BARRETO (Lisboa 27/1/1923 – Lisboa 2/1/2017)
5 de Janeiro de 2017
     “Vinde a Mim, vós todos que estais cansados e    oprimidos e Eu vos aliviarei” 
        Mateus, 11,28.




                Ao fim de quase 94 anos (“falhou” por 25 dias) faleceu de doença, no pretérito dia 2, o nosso compatriota Mascarenhas Barreto (MB) (de seu nome completo Augusto Cassiano Neves Mascarenhas de Andrade Barreto).
                Numa época em que tão pouco valor se dá à honra, à nacionalidade e à portugalidade, MB foi um Homem de carácter e um Português inteiro. Daqueles antes quebrar que torcer.
                MB foi um ser eclético, de múltiplas aptidões e interesses e teve uma vida cheia.
                Viajemos por breves momentos no metropolitano da vida:
                Terminou o curso liceal no Liceu Pedro Nunes com 17 anos.
                Cedo desejou ir para África, preparando-se para tal na Escola Superior Colonial, que frequentou durante dois anos, em simultâneo com o Curso de Árabe na Faculdade de Letras.
                Arrancou para Angola em 1944, onde foi Secretário do Governador - Geral e do Governador do Congo.
                Durante a sua estadia colaborou nos jornais “Província de Angola” e “Diário de Luanda”, tendo escrito algumas obras.
                Em 1949 regressou à então Metrópole a fim de cumprir o Serviço Militar, no Regimento de Lanceiros 2, tendo entrado para a GNR, onde atingiu o posto de Capitão de Cavalaria.
                Durante o serviço militar tirou o curso de Rádio Televisão e Radar, na Escola de Eletromecânica de Paço d’ Arcos, o que lhe foi de grande utilidade quando, após ter abandonado a vida militar, se candidatou à RTP, para onde entrou, em 1958, indo ocupar o cargo de chefe de serviço dos estúdios.
                No entretanto, concorreu para um cargo no Secretariado Nacional de Informação, que visava dar início ao turismo em Portugal, onde foi o único admitido e onde fez aprovar as primeiras zonas turísticas do País.
                Passados dois anos regressou à Televisão, onde ficou até ser saneado “sem justa causa” na sequência do Golpe de Estado ocorrido, em 25 de Abril de 1974. De nada serviu reclamar.
                Passou a dar aulas no Instituto de Novas Profissões e, a seguir, no Instituto do Design e Marketing, em Lisboa.
                Deixou de leccionar aos 75 anos, sem auferir qualquer reforma…
                Em 1983 foi escolhido para ser responsável por um dos cinco núcleos da XVII Exposição de Arte, Ciência e Cultura, realizada em Lisboa e que teve como centro expositor a Torre de Belém, tarefa que desempenhou com competência e sucesso.
                Estudou russo e tétum no Instituto de Ciências Sociais e Política Ultramarina e obteve a mais alta classificação (19 valores) na cadeira de Medicina Social que efectuou com o Professor Almerindo Lessa, Director do Hospital de D. Estefânia.
                MB foi durante grande parte da sua vida um emérito desportista: praticou hipismo, boxe e esgrima; pentatlo militar, vela e tiro.
                Ficou em primeiro lugar em muitas competições internacionais e participou no Campeonato do Mundo de 1951, no Mónaco e nas Olimpíadas de Helsínquia, no ano seguinte.
                Em Angola tirou ainda o brevet de piloto particular de aviões.
                Não contente com toda esta actividade foi pegador de touros durante 11 anos, nos Grupos de Forcados de Vila Franca de Xira e Cascais.
                Dedicou-se à escrita, foi jornalista, poeta do fado, fez 352 traduções (de espanhol, francês, italiano, inglês e russo), especialmente para a Editora Livros do Brasil e escreveu vários livros, entre os quais uma História do Fado e outra da Polícia Portuguesa.
                Foi casado com três senhoras das quais houve oito filhos, a mais nova das quais morreu tragicamente, aos 20 anos, sendo causa de uma dor que só se pode imaginar.
                Porém a obra que mais o deu a conhecer foi um livro que resultou de uma monumental investigação de cerca de 15 anos sobre essa figura complexa e misteriosa, cuja efabulação histórica tornou conhecida como Cristóvão Colombo.
                Na sua obra “O Português Cristóvão Colombo, Agente Secreto do Rei D. João II” (que tem edição inglesa, pela Editora MacMillan, em 1992) – a qual foi seguida por outra “Colombo Português – Provas Documentais”, de 1997 – MB relançou o debate sobre aquela figura maior da História Universal, aproximando-se muito de poder provar inequivocamente que aquele grande navegador era um nobre português, que esteve ao serviço de D. João II.
                Apontou numerosos interesses instalados, sustentou incontáveis controvérsias, realizou dezenas de conferências sobre o tema, em Portugal e no estrangeiro, foi apoiado por numerosas individualidades sobre as suas razões, de que se destacam o Dr. Silva Rego, a Professora Janine Klawe, da Universidade de Varsóvia e o actual descendente do Almirante do Mar Oceano D. Cristóbal Colón de Carvajal, oficial da Marinha Espanhola e que ostenta os títulos de Adelantado Mayor das Índias, Duque de Verágua e Marquês da Jamaica.

                Aguentou firme, ataques desferidos contra ele, vindos de vários quadrantes, alguns de carácter vil e desonesto.
                Pelo seu papel na investigação sobre a vida de Cristóbal Colón, MB, era membro honorário da Associação Cristóvão Colon, fundada em Maio de 2008, a qual persegue o objectivo de provar a portugalidade do “descobridor” do novo mundo.
                MB foi toda a vida, um lutador de personalidade vincada e um patriota. Foi um homem honrado, que se honrou e honrou-nos.
                MB afastou-se a vida pública nos últimos 15 anos de vida, não só por achaques vários que o atormentaram e que o foram diminuindo – e ele queria ser lembrado enquanto na posse de todas as suas faculdades – mas também por repulsa por muitos aspectos da política e da sociedade contemporânea.
E foi um incorrigível marialva (no bom sentido do termo): Cavalheiro, amante do belo sexo, cavaleiro, “espadachim”, poeta do fado, devoto da tauromaquia, literato.
E bem se pode dizer que o seu desaparecimento nos leva o último Marialva Português…
Tive o privilégio de o conhecer e de trocar amizades. Era um conversador notável em que o seu incontornável cachimbo fazia já parte do personagem.
Muito aprendi com o seu saber das coisas e dos homens.
Excelso amigo até um dia, na Casa do Pai.

                                       João José Brandão Ferreira
                                          Oficial Piloto Aviador