quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O JANTAR DA ACADEMIA

Foi no dia 12 de Janeiro, dia da “velha” Escola.

O toque de “formar” fez reunir na Academia Militar cerca de 2500 oficiais e alguns civis, todos ex-alunos. A ideia foi feliz (e oportuna) e o acontecimento bonito de ver.

O evento foi extremamente importante, pois marca o início do reencontro da Instituição Militar consigo própria depois dos graves acontecimentos ocorridos em 1974 e 1975, que cindiram as Forças Armadas. É preciso não esquecer que os militares andaram a prender-se e a sanear-se uns aos outros! Daí talvez que a mensagem que sobressaiu no encontro fosse a de “Camaradagem, coesão, camaradagem”, lema que se encontrava espalhado em várias salas. De salientar ainda, que todas as “sensibilidades” existentes no meio militar se encontravam presentes.

E tudo se passou numa altura em que a Instituição Militar e os seus servidores não deixam de ser alvo de ataques num giro de 360º do horizonte…

Estranha-se, no entanto, a presença de uns quantos cujo esquecimento dos Deveres Militares (não estão em causa as opções políticas), levou à prática, em tempos não muito recuados de acções menos dignas que a Justiça Militar e, ou, demais leis da República, infelizmente não puniram. A vergonha, se a houvesse, teria recomendado a ausência.

Estiveram a mais.

Por outro lado, houve quem primasse pela ausência, notada por o seu passado, responsabilidades ou funções, melhor os fazer junto dos seus.

Fizeram falta.

Como é tempo de dar a cara, também se fica a saber onde nos posicionamos.

Foi pena que no fim não se tivesse dado o “grito da casa” e que umas palavras de boas vindas não tivessem sido escutadas.

Mas o saldo é muito positivo: o ar de festa, o encontro de gerações, o bom ambiente em que tudo decorreu, as caras que não se viam há muito, as palmadas nas costas, os nomes de guerra relembrados, etc., etc., tem um efeito moral que não é contabilizável.

Constitui, certamente, um bálsamo para o Moral que tão debilitado anda.

Temos um longo e árduo caminho à nossa frente para conseguirmos uma Instituição Militar mais respeitada e mais apta a cumprir as suas missões.

É necessário convergir esforços, realçando o que nos une e pondo de lado o que possa separar. Não é sequer preciso que tudo se faça para amanhã. Importante é criar uma dinâmica positiva para realizar objectivos.

Se isso for conseguido será fácil já no próximo jantar gritar com orgulho “Vivam as Forças Armadas”.

Publicado no “Centurião” n.º 6, Jan. /Fev. 1990

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