quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A INDEPENDÊNCIA EM PERIGO

Vai fazer agora 10 anos que este texto foi escrito. Este texto foi suavizado de um outro mais duro. Sendo premonitório, ficou muito àquem do desastre em que caímos.
Ninguém gosta de ouvir a verdade, por isso raramente se antecipam os problemas. E para quem quer ganhar eleições os problemas só existem na cabeça dos outros...
Este escrito muito mais do que um artigo é um manifesto. A moda pegou, depois. Mas este foi o
primeiro. Não ligaram nada, e continuarão a não ligar até ser demasiado tarde.

A INDEPENDÊNCIA EM PERIGO publicado no "Expresso" de 5 de Janeiro de 2002


1 comentário:

JC Abreu dos Santos disse...

Cerca de 30 anos antes, deste "Manifesto" agora muito apropriadamente relembrado por um dos seus ilustres co-autores, também um outro Português de primeira água, (o meu ribatejano de estimação Franco Nogueira) - por ocasião da famigerada "revisão constitucional caetanista" -, fez publicar num calhamaço de 500 e tal páginas, uma série de "avisos à navegação" das elites, e do qual extraí o que se segue (e que aqui deixo à consideração dos visitantes deste blogue):

- «Em todas as épocas, as gerações novas esquecem situações e factos passados, e por isso acreditam que estão em face de épocas inteiramente novas e desprendidas do que lhes está por trás, sem antecedentes e sem raízes; e o seu comportamento traça-se, como se as realidades permanentes se houvessem desvanecido e como se os interesses básicos e os objectivos de outros povos, se tivessem modificado.
«Em todas as épocas houve mitos e os de hoje são a "civilização nova em marcha", o "mundo novo em gestação", a "era nova que desceu sobre a humanidade", os "movimentos irreversíveis", a "época da tecnologia", o "diálogo", a "conjuntura", as "estruturas".
«Tudo é erigido em conceito sagrado, cuja aceitação denota espírito rasgado, moderno, progressivo; e cuja rejeição denuncia espírito retrógrado, conservador e imobilista. «Não se repara todavia, que estas inovações são meramente vocabulares e que são lançadas por outros, para esconder ou mascarar os seus propósitos reais; e nisto também não é nova nem original a nossa época, porque em todas sempre os homens sofreram, lutaram e morreram por frases e vocábulos. Mas a cada povo impõe-se apurar se a frase ou o vocábulo, a que no momento seja atribuído curso generalizado, traduzem ideais que correspondam ou se afeiçoam aos interesses nacionais permanentes.
«É essa distinção essencial que a História nos ajuda a fazer; e a sua necessidade é mais aguda, quando os povos defrontam uma crise grave. Joeirar o que é duradouro do que é efémero, e apartar o que é episódico ou provisório do que é permanente, torna-se então vital, se se querem acautelar os interesses e os valores que importam.»¹

¹ (Franco Nogueira, in "As Crises e os Homens" (pp.15/6); Edições Ática, Lisboa 1971)